Por Padre Caetano Minette de Tillesse
Discurso durante a comemoração do jubileu de prata da RCC de Fortaleza
Colégio Marista Cearense, Fortaleza/CE, junho de 2000.
Em tom coloquial.
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TEMOS QUE EVANGELIZAR DE UM JEITO NOVO!
Eu quero falar da evangelização do terceiro milênio, ou seja, uma nova evangelização. Este é um assunto muito amplo, emergente e por demais urgente, que a gente não pode omitir de maneira alguma. Estamos começando agora o terceiro milênio. Estamos dizendo que temos de evangelizar. O Papa diz que tem que ser uma nova evangelização. Mas, o que é essa nova evangelização? O que é isso? É só lançar o balão? Vamos continuar naquele mesmo "lenga-lenga" em que estamos? Dois mil anos de evangelização e o balanço foi largamente negativo. Dois mil anos de evangelização! Portanto, pensemos aqui, depois dos primeiros tempos, a Igreja caiu praticamente no constantinismo, a igreja de Constantino, que continuou com essa visão da cristandade que tínhamos até bem pouco tempo aqui no Brasil. Portanto, uma certa visão do cristianismo. Hoje em dia essa visão não satisfaz mais. O Papa [João Paulo II] pediu perdão por muitas coisas que tinham sido feitas nessa ótica. Aqui no Brasil estamos celebrando com muita exuberância, não sei, os quinhentos anos de Evangelização. No Brasil e na América Latina em geral. É um triunfo ou um mea culpa? O que é que é? Sabemos que os que quiseram celebrar foram barrados por manifestantes que ficaram protestando. Talvez, por causa do "triunfalismo". Estamos agora na beira, na soleira do terceiro milênio e já estava na hora de começar uma nova evangelização. Qual? Continua do mesmo jeito? Aquele mesmo "lenga-lenga"? Qual é essa nova evangelização? Aqui se programou falar dos vinte e cinco anos da Renovação Carismática em Fortaleza. Para mim, isso é apenas um episódio dentro de um programa muito amplo.
EVANGELIZADORES CONSCIENTES
Não se pode nunca perder a visão do conjunto, senão a gente cai no sentimentalismo e perde de vista o objetivo do que estamos fazendo hoje: nos prepararmos para uma NOVA EVANGELIZAÇÃO! Pois essa evangelização do terceiro milênio só pode ser feita por evangelizadores adultos na fé, conscientes do que está acontecendo. E a gente sabe que a contestação até agora permanece. E a gente não pode deixar ou ignorar, simplesmente. Portanto, é bom ver do que se está falando aqui em Fortaleza. Temos confrontos entre a RCC e a Teologia da Libertação, e o questionamento é muito parecido. A RCC canta "Amém, aleluia", o que dá mais raiva à Teologia da Libertação. E a Teologia da Libertação diz a mesma coisa com uma letra só de diferença: "Amém, ale-Lula". O certo é que, "Aleluia" ou "Ale-Lula", atrás dessas letras tem um programa totalmente diferente. De uma parte, portanto, um partido militante que quer derrubar o governo, se revolta contra a situação e quer promover uma revolução. E, da outra parte, “Amém, Aleluia" que pode ser, simplesmente, pessoas adormecidas que tem sua consciência tranquila e nem sabem o que acontece ao seu redor. Gosto muito desse texto do profeta Amós, capítulo 6, 4-6:
Eles estão deitados em leitos de marfim, estendidos em seus divās, comem cordeiros do rebanho e novilhos do curral. Improvisam ao som da harpa como Davi, inventam para si instrumentos de música; bebem crateras de vinho e se ungem com o melhor dos óleos, mas não se preocupam com a ruína de José. Por isso, agora eles serão exilados a frente dos deportados e terminará a orgia daqueles que estão estendidos.
Portanto, Amós está aqui falando da ruína de Samaria e está mostrando a inconsciência daquele povo que está passando bem, festejando. E pode acontecer que estamos passando essa mesma impressão para Teologia da Libertação que fica só censurando, e a Renovação Carismática: "Amém aleluia” e está tudo bem. Está tudo bem mesmo, será? Portanto, é bom pensar como é que está andando este mundo. Para a Teologia da Libertação, a Renovação Carismática é omissa. Os problemas acontecem, injustiças avassalam o mundo, bilhões de pessoas passam fome e a pessoa canta "Amém, aleluia!". Como pode? Como disse Karl Marx, como se chama isso? "Ópio do povo". Esse ópio do povo, qual é? A Teologia da Libertação vai dizer: quem não é contra o regime, apoia o sistema vigente, é cúmplice. O problema não é tão simples nem barato assim. A gente não pode simplesmente se omitir. Se tem uma nova evangelização para o terceiro milênio, essa nova evangelização tem que ser uma evangelização C-0- N-S-C-I-E-N-T-E!
NAQUELE TEMPO
E aqui queria tomar, não dá para se estender muito, apenas três pontos, três exemplos sobre essa crise que acontece no decorrer da história . Acabei de citar Amós e tenho ainda dois trechos: um de Jeremias e um de Ezequiel. Jeremias 31,31-34, mais a nível de Renovação Carismática:
Eis que dias virão - oráculo de Yahweh - em que selarei com a casa de Israel (e com a casa de Judá) uma aliança nova". (é a nova evangelização da qual estou falando) “Não como a aliança que selei com seus pais, no dia em que os tomei pela mão para fazê-los sair da terra do Egito - minha aliança que eles mesmos romperam, embora eu fosse o seu Senhor, oráculo de Yahweh. Porque esta é a aliança que selarei com a casa de Israel depois desses dias, oráculo de Yahweh. Eu porei minha lei no seu seio e a escreverei no seu coração. Então eu serei seu Deus e eles serão o meu povo. Eles não terão mais que instruir seu próximo ou seu irmão, dizendo: "Conhecei a Yahweh!" Porque todos me conhecerão, dos menores aos maiores - oráculo de Yahweh - porque vou perdoar sua culpa e não me lembrarei mais de seu pecado.
Esse trecho é muito importante no momento da ruína de Samaria e da ruína de Judá, de sua Jerusalém, destruídas por assírios e babilônios, respectivamente. Portanto, aqui fechou mais uma página, terminou mais uma fase da história do povo de Deus, não da história de Israel, mas do povo de Deus! Isto será exemplar, pois eles receberam uma lei que os profetas, Moisés e demais aqui citados viveram aquela expectativa e depois tudo acabou num fracasso total e irreversível. Nabucodonosor acabou com tudo. Chegou, arrasou Jerusalém, acabou com a cidade, desterrou o povo e deu fim a realeza. Acabou o templo, acabou o culto de Yahweh, acabou tudo e foram levados lá para a Babilônia, para o exílio. Este é, portanto, o balanço daquele tempo.
E EM NOSSOS DIAS?
Estamos falando agora de evangelização do terceiro milênio. Porém, temos que fazer também um balanço. Dois mil anos de evangelização e aonde é que chegamos? Televisão, experiências, homem na lua, conquistas espaciais, progresso deslumbrante e... onde que estamos? Qual o nosso resultado? Penso que chegamos a um fracasso total. Exatamente o contrário daquilo que estávamos esperando. E agora que se arrasou com tudo, qual foi a consequência disso? De parte, a criatividade dos homens que chegou a um fracasso total. Portanto, não tem outra solução, senão deixar que Deus mesmo agora tome de conta. Como? Renovar o coração do homem por dentro. Jeremias fala também de uma nova experiência. A Renovação Carismática não é uma nova experiência, uma novidade. A RCC é uma redescoberta de uma coisa muito antiga. Redescoberta dos fundamentos da nossa vida no Espírito que estavam esquecidos durante muitos anos, muitos séculos. Estamos tomando consciência daquilo que era essencial no cristianismo nascente e que tinha sido esquecido por conta do ativismo humano. Aqui, portanto, neste trecho de Jeremias que, comparado com Ezequiel 36, vemos que os dois dizem quase a mesma coisa, detalhado mais um pouco. Portanto, tanto em um como em outro, Deus anuncia primeiramente o perdão dos pecados. O Papa pede perdão dos pecados da evangelização de 2000 anos. Aqui na América Latina, os bispos pediram perdão dos erros da evangelização de 500 anos que os homens fizeram chegar ao fracasso. Aonde foi que chegamos com essa evangelização de 2000 anos? A duas grandes guerras mundiais. Nunca havia acontecido em toda a história da humanidade. A guerra de 1914, a de 1918 e a guerra de 1940 a 1945 e, além disso, o holocausto do povo de Deus, dos judeus, durante esta última guerra, na Polônia, nos campos de concentração. Depois da primeira guerra mundial, a Alemanha, que foi baluarte dessas duas guerras, ficou no centro. Houve aquele desastre e então os protestantes (a Alemanha é protestante) e, em particular, Karl Barth, teólogo suíço de língua alemã, e Rudolf Bultmamm, pensaram numa nova teologia, uma nova evangelização e nova ideia de um Deus transcendental: o homem é pecador e não pode aproximar-se de Deus. Deus é totalmente diferente. Cria-se, assim, um abismo entre Deus e a humanidade. Até então, existia uma teologia liberal, que negava tudo, não aceitava mais nada. Uma teologia que era consequência do modernismo, do mundo moderno. Portanto, essas duas guerras, cada guerra marcou, realmente, o fim de um mundo. A segunda guerra marcou o fim, em particular, do colonialismo. Porquanto, se nota que a evangelização que houve até agora foi muito falha. Por que muito falha? Porque do tipo colonial.
É IMPORTANTE OLHAR PARA A HISTÓRIA
Depois da segunda guerra mundial houve outra reação parecida que se chama Concílio Vaticano II. O Concílio: a Igreja que parou para pensar. Esse Concílio, como é que foi chamado? O Papa João XXIII chama de "aggiornamento". Que quer dizer? Vamos modernizar a Igreja, fazer uma nova pintura, pinta aqui, faz uma limpeza ali? Só isso resolve o problema?
"Aggiornamento" é uma coisa mais radical. E, realmente, eu estava esperando que houvesse um novo Concílio na Igreja para a passagem do milênio e não houve. Falava já aqui, portanto, que a Igreja, por mais de mil anos, foi uma Igreja constantinista, do tipo Constantino, imperador romano que se converteu. Portanto, marcada pelo imperialismo romano que o mesmo unia e quase confundia o imperador e a Igreja. O Papa coroava o imperador e o imperador protegia o Papa, era o braço forte, o braço militar do Papa. Até que os protestantes acabam com isso. Revoltam-se contra o Imperador e consequentemente contra o Papa. Os dois se apoiavam um ao outro. E aí quebraram, mas não colocaram nada no lugar finalmente. Assim também, depois dessa segunda Guerra Mundial, acabou o colonialismo pelo mundo inteiro. Será que acabou? Não sei se acabou. É bom a gente pensar nisso com os olhos bem abertos. Mudou de nome. Quem foi que acabou com o colonialismo? Naturalmente, a guerra na Ásia, em particular, os japoneses, acabou com todas as colônias europeias na Ásia. Na África, quem foi que acabou com o colonialismo? Foi os Estados Unidos. Por que? Porque para os Estados Unidos o fluxo cultural e econômico que predominava entre a colônia e a metrópole impedia a dominação comercial, econômica, por parte do mesmo por todo o mundo, não favorecia a globalização. Portanto, hoje o colonialismo mudou de nome. No lugar do colonialismo político ligado a diversas metrópoles (França, Itália, Bélgica, Portugal, Espanha etc.), temos um colonialismo econômico sob o imperialismo dos Estados Unidos.. É melhor ou pior? Não sei. De qualquer jeito é importante a gente não ficar inocente na história.
SE NÃO TRABALHAR O CORAÇÃO DO HOMEM NADA SERÁ FEITO
O Papa [Joaõ Paulo II] e os bispos em Medellin e Puebla falavam, portanto, nos mecanismos. Isso é muito importante, essa palavra: m-e-c-a-n-i-s-m-o-s. Mecanismos que fazem um punhado de ricos cada vez mais ricos à custa de bilhões de pobres cada vez mais pobres. A gente está sabendo disso, não está? É para ficar simplesmente do "Amém, aleluia"!? Às vezes é bom pensar para não esquecer de ser profetas nesse mundo e ao mesmo tempo ser adultos, não ser bobinhos, não ser crianças levados para a propaganda internacional e pelo lucro de alguns. Portanto, hoje em dia o que se chama de Nova Evangelização é um problema muito sério. Essa Nova Evangelização quem é que vai fazer? É o Papa que vai evangelizar? O Papa é muito corajoso, se mete em toda parte, visita todos os países. Quem é que vai fazer essa Nova Evangelização. Os padres? Para mim a Nova Evangelização eu vejo os leigos em particular. Acho que os leigos chegaram à idade adulta, Não apenas um rebanho que os padres ficam levando pra lá e pra cá ou que ficam cantando simplesmente "amém aleluia". Portanto, é importante pensar como adultos no quê que é esta Nova Evangelização. Não podemos deixar de evangelizar e pensar também quem é que vai evangelizar. Será que somos melhores que nossos pais? Somos melhores que eles? No entanto, como diz Jeremias e Ezequiel, quem que pode evangelizar? Como nos revela o Livro dos Atos dos Apóstolos: nos mais o Espírito Santo. Nós sozinhos não tem jeito não. Nós mais o Espírito Santo. Portanto, a gente pensar como é que pode evangelizar é essencial. A RCC me parece muito diferente, que é movimento diferente. A Teologia de Libertação o que é que é? Praticamente a extensão daquelas células comunistas que vêm incentivar, fomentar pelo mundo a revolução violenta. Que revolução é essa? É a revolução de cunho socialista ou comunista. O que é isso? É a salvação do mundo? É outro projeto dos homens e, os projetos dos homens, até agora, fracassaram. Colocar outro projeto dos homens no lugar será que resolve o problema? A revolução comunista socialista já fracassou na Rússia, já fracassou, portanto, no mundo inteiro. Vamos tentar ressuscitar o cadáver da revolução comunista ou será que Deus pode inventar outra coisa? É importante saber em que está baseada uma revolução. A revolução comunista está baseada em quê? Na luta de classes. Portanto, no ódio. É a outra classe que está explorando e excluindo aquela outra classe o mundo vai voltar à prosperidade. Será? Um sistema político resolve o problema? É sempre obra dos homens. A Bíblia chama isso de ídolo. O ídolo é sempre obra dos homens, fabricado pelas mãos de homens. Pode ser um bezerro de ouro, pode ser o comunismo, pode ser o capitalismo. Sempre um ídolo fabricado por mãos de homens, e aquilo que é fabricado por mãos de homens não responde à problemática do homem. Por que não resolve? Porque não é aquilo que vem de fora que contamina o homem, mas aquilo que vem do coração. É no coração do homem que nasce todo mal que aflige a humanidade. Se não trabalhar o coração do homem nada será feito.
UMA QUESTÃO MUITO ANTIGA
Portanto, aqui estamos vendo esta perspectiva, inclusive isso já acontecia lá em Israel. Não é de agora essa discordância entre Teologia de Libertação e Renovação Carismática. Isso está existindo agora em Fortaleza, mas isso já existia antes de Jesus Cristo vir ao mundo, no judaísmo. Podemos ver isso no livro dos Macabeus, no Antigo Testamento.
Era a Teologia da Libertação naquela época. Eles achavam que deveriam empunhar as armas, enfrentar, jogar os inimigos para fora. Outro exemplo. Os partidos violentos do tempo de Jesus Cristo. Tinha os sicários, os zelotas, que achavam que podiam botar os romanos para fora. Inclusive, por quê que Jesus foi condenado? Por quê? Porque não quis fazer a revolução violenta. Na hora que multiplicou os pães, aquilo tudo, o pessoal estava todo já se organizando para ir atrás dele para marchar sobre Jerusalém e jogar os romanos para fora. Jesus disse: Não é bem assim não. Não adianta tirar os romanos fora. Aparece logo outro tirano pior do que o primeiro. Se você não muda, se Deus não muda o homem por dentro, nada feito. Se não transformamos o coração do homem, nada feito. É importante também saber que existia outro partido naquele tempo, os piedosos, os fariseus, que também entravam em choque com Jesus. Eles achavam que deviam esperar uma manifestação, uma intervenção milagrosa de Deus. Jesus, o que foi que ele fez? Nenhum nem outro. Por isso que não foi entendido por ninguém. Naquele tempo, que eu estava ativo na RCC, 1975, o Padre Eduardo [Dougherty] me pediu lá em Campinas para escrever um livrinho, pois eu tinha acabado de dar uma palestra sobre esse assunto “A Teologia da Libertação à Luz da Renovação Carismática". Padre Eduardo praticamente me sequestrou. Disse-me: "O senhor fica preso aqui e daqui não sai". Fiquei dia e noite lá em Campinas e em três dias saiu este livrinho. Depois foi ampliado e compilado numa nova edição na forma dessa eclesiologia da Nova Jerusalém. Foi, portanto, lançado aqui na Nova Jerusalém um volume mais amplo sobre o mesmo assunto. Mas então, como foi resolvido este confronto? Esta solução no Antigo Testamento o povo só esperava a libertação de Deus e por isso que a gente pode dizer que o Novo Testamento não veio preencher a expectativa do Antigo Testamento. O Novo Testamento fica repetindo o tempo todo que vai realizar as promessas do Antigo Testamento. Os judeus, que escreveram o Antigo Testamento, não reconheceram em Jesus, aquele que vinha realizar suas esperanças e até agora estão esperando outro. Portanto, a maneira de Jesus realizar essa promessa, essa esperança essencial de Israel, deveria ser uma maneira diferente. E até hoje não é fácil de resolver. Que quis dizer o Karl Marx, que era judeu? Que a solução cristã é uma alienação. Qual é a solução cristã? Jesus Cristo, o Filho de Davi, o Libertador. Como foi que libertou Israel? Condenado, crucificado na cruz. Bofetada em Israel! Escândalo para Israel! Como é que podia? E a negação de toda a esperança de Israel! E os cristãos dizem: "Não, mas ele ressuscitou!'. Escarnecem os judeus: "e ainda arranharam uma cadeira azul bem pintadinha para ele lá no céu!". É o que eles dizem: "Ópio para o povo. Aqui pra terra não tem solução. Depois se arranha uma cadeirinha bem bonitinha lá nos sonhos. Sonho interior como um nenezinho que fica vivendo entre dois sonhos: o paraíso primeiro, que foi perdido no tempo de Adão, e o novo paraíso, mais bonitinho, que é esperado para depois. E, enquanto isso, 'amém, aleluia' e esquece de viver". Só que temos condição de contar com esse povo que sonha para construir um mundo novo.
A NOVA EVANGELIZAÇÃO É UMA NOVA CRIAÇÃO
Quê que é nova evangelização? É só falar ou é construir um mundo novo? Assumir, portanto, que a Palavra de Deus faz o que ela diz. A Nova Evangelização é, portanto, uma nova criação que aparece e que se realiza agora pelo poder de Deus e pela nossa fé. Não temos o direito de ser apenas criancinhas inconscientes. O quê tem que acontecer? Tem que ficar com os pés no chão, saber o quê que acontece. Não se enlevar como bobos da história, não se aceitar como vítimas da história, mas assumir-se como aqueles que fazem a história. Portanto, a gente tem que ser consciente. Ter uma fé profunda em Deus. Aquela fé essencial, fundamental em Deus. Por isso, para mim a RCC é super importante. A RCC trouxe Jesus Cristo de volta do céu para a terra. Jesus Cristo, aonde é que ele está? Está aqui em nosso meio. Nós somos as pernas, os braços, os olhos, a boca de Jesus Cristo. Jesus Cristo somos nós. Nós somos o corpo de Cristo ressuscitado, cheio do poder dele, da força dele, da palavra dele. É pronunciar com autoridade mesmo essa palavra criadora que transforma o mundo hoje. Portanto, essa RCC é uma coisa importantíssima e que não pode ser portadora apenas de uma coisa sentimental, psicológica. O Padre Caetano é conhecido, às vezes, como aquele que faz exorcismo. Eu não gosto tanto disso não. Por quê, para mim, o quê que isto representa? Representa o alívio psicológico. O que é isto? A pessoa está com um problema, com uma depressão e quer, portanto, encontrar alívio psicológico. Será que é para isso a RCC? Bom, entre outros, pode ser. Mas, é secundário. Não é essencial. Nós somos o corpo de Jesus, os braços, a boca de Jesus. Temos como fundamental a missão de evangelizar nessa hora e, às vezes, a gente está com muitos problemas psicológicos, por quê? O quê que é problema psicológico? É problema de ordem individual, é individualismo. Para sair do problema individual o quê que é preciso? Abrir os olhos, ver o irmão, ver o outro que está, talvez, com um problema muito maior do que você. Esquecer seus próprios problemas, pensar no irmão. Assim, a RCC não é apenas uma coisa psicológica onde você se sente bem, se sente aliviado. É uma coisa muito mais séria e profunda mesmo. Aqui estamos vendo, na nova evangelização, onde é que vamos caminhar e realizar nossa tarefa..
A EMINÊNCIA DA PALAVRA DE DEUS
Nessa perspectiva, para mim, essa nova evangelização só pode nascer da Palavra de Deus. Portanto, essa nova evangelização não é só uma moda. Teologia e demais são moda dos homens. Os homens que fazem teologia, filosofia... isso passa. Mas, a Palavra de Deus não passa. Por isso é que fundamos aqui em Fortaleza uma nova congregação religiosa que tem como missão especial o estudo aprofundado da Bíblia, mas que também vai fazer cursos nas diversas paróquias e comunidades onde estão convidados, segundo a possibilidade, para aprofundar o conhecimento da Bíblia. Eu acho que é o conhecimento da Bíblia mesmo, aprofundado, crítico, científico. Não é um conhecimento apenas edulcorado, barato, açucarado, piedoso. Não é isso não. É conhecimento rigoroso mesmo. Que seja capaz de responder, frente aos desafios desse mundo, as objeções, as dificuldades. Pensemos, finalmente, qual foi, qual é esse plano de Deus, o que ele está fazendo dentro desse mundo. Está tirando um feriadão de final de semana? E Jesus Cristo, está tirando um feriadão de final de semana? Por isso a gente sempre recomenda a leitura integral da Bíblia, de ponta a ponta, da primeira até a última página. Para procurar perceber o fio de "arame": que Deus está fazendo do primeiro Adão, o Adão de carne, pecador, até o último Adão na Nova Jerusalém, o Adão espiritual, ressuscitado. Esse é o plano de Deus. E como a gente pode conhecer esse plano e nele entrar? Por isso o que estamos fazendo na Nova Jerusalém é procurar aprofundar quem quiser. Jesus Cristo diz uma coisa que eu acho super importante: na Bíblia, não é em toda parte que se vê. O mundo inteiro, bilhões de homens que andam ao léu, como rebanho sem pastor. Mas, o que diz a Bíblia também? Em várias páginas, não em todas as páginas: por causa de um homem, uma mulher que teve conhecimento e se aplicou, que se dedicou a conhecer o plano de Deus. Por seu conhecimento, Daniel etc, o mundo inteiro, vai ter uma luz, um farol para dizer pra onde andar. O que Jesus está querendo? Por causa de um homem que tem inteligência e que percebeu o que Jesus está querendo fazer dentro deste mundo. Tem que ser consciente, com os pés no chão, saber o que acontece dentro deste mundo.
O GRANDE DESAFIO
Neste mundo que vai ao léu, o pessoal perdeu o controle mesmo. Dentro deste mundo são bilhões de homens, é protestante, é muçulmano, é ateu, é tudo. Por causa de um homem e de uma mulher que se acordou e diz: “Eu vou dar minha vida para que o mundo possa conhecer a Luz". Por causa de um justo o mundo inteiro pode ser salvo. Isso é o que fez Jesus e continua chamando hoje em dia: "Quem se acorda, quem escuta a Palavra de Deus?". Por causa de um homem, de uma mulher, o mundo inteiro, bilhões de homens, acharão o farol que passa a iluminar seus passos e o mundo inteiro pode ser salvo por causa de um homem e de uma mulher. Por causa de um justo Deus vai poupar o mundo inteiro, o mundo inteiro! E daí a importância de se acordar, de se despertar. É lógico que é necessário mesmo estudar, é o jeito. Além de estudar é essencial à RCC ser inspirada por Deus, pelo Espírito Santo, porque aonde o espírito do homem pára, começa o sopro de Deus que carrega o homem. E ele conhece a profundidade de Deus e pode nos ajudar a entender aquilo que o homem não entende. Estamos na soleira do terceiro milênio e temos aquela responsabilidade tremenda. Esse Novo milênio não é apenas continuísmo. É um novo começo absoluto. O Papa pediu perdão e os Bispos também. Vocês aqui. Vocês não, quem são vocês quem sou eu! Vocês mais o Espírito Santo. Vocês têm uma tarefa urgente, urgentíssima de inventar uma nova maneira, a custo de suas vidas, de evangelizar esse mundo. Para que o mundo inteiro não se perca, mas encontre a luz de Deus, a alegria da Salvação, a força da Ressurreição, o poder do Espírito Santo que é capaz, mais uma vez, de transformar, de transfigurar o mundo inteiro à imagem de Cristo Ressuscitado, para fazer dele essa Nova Jerusalém que estamos todos aguardando. Amém!
Pe. Caetano M. de Tillesse (1295-2010) |
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