Nestes últimos dias de discernimento vocacional na Nova Jerusalém deste ano, em especial para aqueles que desejam aspirar mais ainda nosso carisma, nada melhor que ler do próprio Fundador, Padre Caetano, o que se espera:
"Como
Igreja, formamos o corpo de Cristo, isto é, os pés e as mãos, a boca também de
Cristo vivo neste mundo e neste século (Rm 12,4-8).
A
Nova Jerusalém acredita que uma atividade somente humana não seja capaz de
salvar o mundo. Há uma diferença qualitativa e constitutiva entre “trabalhar para o Reino” e “deixar o Senhor Jesus fazer de nós os
instrumentos do seu Reino no mundo de hoje” (Mc 14,58; Jo 2,18-22).
Exatamente
por esse motivo, nossa atitude da Nova Jerusalém deve ser uma entrega total
e incondicional ao Senhor Jesus, para que ele possa, por seu
Espírito, realizar em nós e por nós, a sua salvação universal e proclamar o seu
Evangelho ao mundo sedento de hoje (Mt 9,37s; 10,1; Jo 4,35s).
Esta
entrega deve ser total, sem nenhuma reserva, e incondicional entrega do
passado, com todas as suas fraquezas e com todos os pecados, para que ele possa
perdoar; do passado com todas as suas ternuras, pai, mãe, irmãos, lar, para
nos entregar a ele; do presente, com todas as nossas
atividades, projetos, bens, sucessos e derrotas; e do futuro, com todas as suas
esperanças, angústias e incertezas, para que nunca estejamos nós construindo a “nossa
casa” – que seria, assim, apenas uma obra humana, por definição – mas para nos
tornarmos instrumentos dóceis de sua obra poderosa em nós e por nós (Sl 127; Is
49,1-6; ICor 3,10-15).
Teremos
a certeza que somente assim, não contristaremos o Espírito do Senhor Jesus (Is
63,10; Ef 4,30; ITs 5,19), e somente assim o Senhor Jesus terá condições, por
nós, de salvar o Brasil, a América Latina e o mundo.
Esta
entrega deverá ser inalienavelmente pessoal, isto é, assumida
pessoalmente por cada membro, livre e espontaneamente; mas, ao mesmo tempo, ela
deve ser comunitária e eclesial: é assim que nos tornamos comunhão
e missão.
Comunhão porque, a entrega incondicional nos faz tornar um só Corpo e um só espírito
com Cristo ressuscitado; missão, porque, identificando-nos com o Cristo
ressuscitado e com seu Espírito ressuscitante, ela tornar-se-á instrumento
poderoso e irresistível de Evangelização e de salvação, não por si, mas pelo
poder de Cristo ressuscitado, Senhor do universo pela ação de seu Espírito
vivificador (ICor 15,24-28; IICor 3,18).
Nosso
fundamento será uma entrega de si total e incondicional ao Senhor Jesus, para a
obra que ele quiser, para a forma de vida que ele quiser, entregando a sua própria vida (Mc
8,35), o seu corpo e a sua alma, para realizar esta palavra: “Escutai, Israel: o Senhor, nosso Deus, é o
único Senhor. Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com
toda a tua alma e com todas as tuas forças” (Dt 6,4-5).
A
doação ao Senhor só será aceita e agradável a Deus, se ela for íntegra (Dt
18,13). Se alguém quer reservar para si alguma coisa, já não será aceito pelo
Senhor (At 5,1-11). Se alguém quer servir ao Senhor e olha para trás, já não
serve para o Reino de Deus (Lc 9,62). Não existe amor maior do que dar a
própria vida para o Reino do Senhor (Jo 15,13). Não existe nada de mais
irresistível para a salvação do mundo! O próprio Jesus não achou outro meio
mais poderoso e mais infalível para salvar o mundo (Is 53,1-12; Fp 2,6-11). Quem
der a sua vida a Jesus total, incondicionalmente, saiba que está salvando uma
multidão de homens, mulheres e crianças que, de outra maneira, se perderiam
eternamente (Is 53,6).
Onde estiver um membro da Nova Jerusalém,
deitado ou andando, na Igreja ou na rua, estudando ou se alimentando, esteja
sempre nas mãos do Senhor Jesus, façamos tudo em Jesus, para realização da vontade
de salvação universal de Jesus. Com Jesus e em Jesus, estaremos salvando o
mundo.
Para
isto acontecer, é indispensável que tenhamos um contato vital com Jesus vivo na
oração cotidiana. A oração deve ser nossa atividade principal e fundamental.
Sem oração, não existimos, e quem não gostar de rezar, não serve para a Nova
Jerusalém. Para nós, principalmente, a oração deve ser como o leite que a
criancinha suga de sua mãe. Sem o leite, ela morre. “Morreremos” sem oração
profunda e pessoal.
É
isto que significa a palavra “consagração”. Como o disse Jesus: “Para eles eu me consagro, para que eles
estejam consagrados na verdade” (Jo 17,19). A consagração quer dizer que não nos
pertencemos mais; pertencemos a Jesus, como sua propriedade particular, para a obra, para o trabalho, a luta, a perseguição, para a vida e a morte que Ele quiser. Esta entrega incondicional, diariamente
renovada será a nossa alma. Temos que experimentar constantemente esta
consagração no mais fundo do ser."
Ir. Pe. Caetano Minette de Tilesse, NJ – Antiga
Constituição do IRNJ - §§ 64 – 78 (Parte II - Espiritualidade)
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