A palavra “vocação” nos vem da língua latina: ‘vocare’, que significa, literalmente, chamado. Temos, pois, por vocação
o chamado pessoal de Deus àquele(a) escolhido(a) para essa pessoa tornar-se o
que Deus deseja e consequentemente para o cumprimento de uma determinada
missão. O chamado é feito por Deus a todos os homens e mulheres, é Ele quem
toma a iniciativa, o que vale dizer que a vocação é, antes de tudo, divina e
deve ser correspondida através de uma relação vital com Aquele que chama: “Não fostes vós que me escolhestes, mas fui
eu que vos escolhi!” (Jo 6,44.65; 15,16). É uma questão de fé e é assim que
se discerne e se alimenta um chamado, não apenas no momento em que se sente uma
inquietação, impotência, desejo de serviço ou algo parecido! Deus nos chama
todo dia, a cada momento, agora mesmo, inclusive.
Hoje em dia o termo “vocação” é empregado
também entre a sociedade para designar determinada aptidão, trabalho ou talento
desenvolvido por uma pessoa, podendo ser verificada a inclinação de alguém para
a arte, a poesia, dança, estudo, etc. Nesse sentido, entende-se que a pessoa
tem um “dom” para tal atividade, mas como vemos acima, vocação no sentido
religioso/ espiritual vai muito mais além de uma atividade, é antes de tudo
“deixar tornar-se” aquilo que Deus já quis em seus mistérios.
Deus nos chama: à vida (Gn 1,26; 2,21s; Jo 5,25; 8,51), à liberdade (Gn 2,25; Ex 3,7s; Jo 8,32.36), ao amor (Dt 6,4; Jo 15,9-13), ao serviço
(Ex 7,10; Jo 6,5s; 13,1-20), enfim, à felicidade
(Gn 12, 1-3; Dt 5,33; Ap 21,1-5). Diante do chamado temos a liberdade de
dizer SIM ou NÃO, Deus não interfere em nossas escolhas, pois nos fez livres.
Sendo assim, se respondemos positivamente e topamos com Ele, provamos também de
seu SIM; se fugimos ou evitamos ouvir sua voz, poderemos também provar de seu
NÃO. Diante desse novo de Deus para nós é muito comum sentirmos medos, dúvidas,
inquietações, anseios e até angústias, mas se encaramos nossa vocação como um
desafio, veremos que Deus é maior que nossa fragilidade. Uma vocação acertada
produz uma vida feliz, criativa, generosa e cada vez mais humana, pois a
felicidade está em Deus ou é Ele mesmo.
Todo chamado requer uma resposta, logo, a
vocação só se concretizará se essa resposta for pessoal, consciente, livre, generosa,
perseverante e confiante. Toda vocação gira em torno de uma missão, de um
‘envio’, Deus nos chama a realizar seu plano de amor e salvação, mas bem antes
de um ‘fazer’ é um chamado a SER. O vocacionado é chamado a configurar-se com a
pessoa de Jesus Cristo, participando assim de sua tríplice missão: sacerdote, profeta e rei. Todo e
qualquer chamado ou missão tem uma só finalidade, a salvação de todos os homens, já que pelo batismo nos tornamos
“filhos de Deus” (Jo 1,12), continuadores da missão salvadora de Jesus, ou seja,
no batismo estão as raízes de toda vocação da Igreja. Vocação é um estilo de
vida, é identidade, o que envolve toda nossa existência e personalidade. Não é
o trabalho pastoral que identifica mais claramente nossa vocação, isso vem a
ser conseqüência de minha intimidade com Jesus. O vocacionado tem que discernir
se aquilo que deseja concorda realmente com o apelo de Deus para sua vida.
Toda vocação faz parte do projeto de Deus
para a salvação do mundo. Quando respondemos sim ao chamado de Deus, acionamos
uma abertura em nossa vida que dá acesso para Deus, para mim mesmo,
para o irmão e para o mundo.
Diversas são as formas de concretizar essa
opção por Jesus Cristo. A primeira coisa que uma pessoa tem de fazer quando
deseja discernir sua vocação é buscar direção espiritual, partilhar com alguém
que já tenha dado passos em sua experiência de fé, geralmente um presbítero,
religioso(a) ou mesmo um leigo experimentado em sua caminhada, logo em seguida
deve-se entrar em um processo de discernimento vocacional, geralmente realizado
pelas paróquias, institutos ou comunidades religiosas através de encontros,
retiros ou acompanhamentos pessoais. O candidato tem que buscar conhecer as
inclinações de seu ser para os determinados estilos de vida que a Igreja
possui, dentre eles temos: Leigos
(consagrados, celibatários ou não), matrimônio,
missionário, vida religiosa e vida sacerdotal.
O chamado de Deus é dirigido a todo homem e
toda mulher em Jesus Cristo. Em Jesus Cristo todos nós somos chamados à
comunhão com Deus nosso Pai. Mas o modo concreto deste chamado se realizar é a
pessoa abraçar um estilo de vida.
“Ningém
pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o atrair” (Jo 6,44)
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