quinta-feira, 29 de março de 2012

CRISTO RESSUSCITOU, ALELUIA!

Olá, pessoal! Como estão? Esperamos que na graça de Nosso Senhor!



Gostaríamos de iniciar nossa reflexão com grande motivação para a celebração do ponto mais alto de nossa fé: A PÁSCOA (RESSURREIÇÃO) DO SENHOR, que também é nossa. Por esse motivo, resolvemos ‘tentar’ falar da importância que ela tem e também fazer menção à nossa espiritualidade jerosolomita, que além de trazer-nos elementos monásticos, bebe da profunda e rica experiência da Renovação Carismática, em outras palavras, da experiência com o Ressuscitado!
A palavra Páscoa é, em hebraico, péssach, que significa “passagem”. É também o nome da mais importante festa judaica que atualiza através da memória e de ritos a grande façanha de Deus ao libertar os israelitas da escravidão do Egito, conforme nos transmite o livro do Êxodo. “Memória”, nesse contexto bíblico não significa apenas recordar algo bom, ou ficar no saudosismo, mas antes significa atualizar, trazer para o tempo presente, reviver esse fato. O que vale dizer que Cristo, ao celebrar a sua “última Ceia” disse: “FAZEI ISTO EM MINHA MEMÓRIA” (Lc 22,19), querendo dizer “atualizem isso sempre”, “perpetuem esse sacrifício!”. Até porque, mesmo após a ascensão, a comunidade cristã primitiva se mostrava perseverante aos ensinamentos dos apóstolos, na fração do pão e nas orações (At 2,42), dando continuidade a esse mandamento.
Para nós, cristãos, a Páscoa é, em breves palavras, também uma passagem. Mas passagem para uma vida nova, restaurada, criativa em Jesus Cristo. Ele “colocou sua vida em resgate do homem para uma liberdade eterna”, não reservou nada para si, entregando o próprio corpo, se deu por inteiro como o Cordeiro Pascal, sacrifício vivo e de agradável odor! A meu ver, aprofundar esse tema é questão de vida ou morte no mundo em que vivemos, no sentido de que é o ponto-chave da revelação de Deus, é nossa fé que está aqui: “... Creio na ressurreição da carne, na Vida Eterna!”, é o que professamos, nossa riqueza e experiência de Deus, nosso pão de cada dia, nossa esperança!
            Para se chegar a um entendimento mais claro desse grande evento, é necessário perceber que tudo não aconteceu de uma hora pra outra, tudo foi obra do amor de Deus que age na história e no momento concreto: estamos diante de um Deus atento às nossas realidades.
            Deus nunca desamparou o ser humano, mas sempre o buscou por primeiro; infelizmente, este nem sempre soube/quis correspondê-lo adequadamente. Então, Deus em seu grande mistério e sabedoria, resolveu enviar seu próprio Filho, se encarnando nessa história, cumprindo sua promessa de sempre ficar presente (Js 1,9; Mt 28,20).
            Essa falta de correspondência ou entendimento ao amor de Deus levou o homem a também rejeitar seu Filho, levando-o à cruel morte de cruz (Fp 2,8). Poderíamos então perguntar, que mensagem essa Cruz nos transmite, já que nós pregamos o Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos (gentios)” (1Cor 1,23).
            A cruz significava o terror. Foi criada pelos persas e popularizada pelos romanos. A sua finalidade era punir escravos rebeldes, crimonosos violentos e pessoas opostas aos regimes políticos da época, também tinha por objetivo apagar o nome da pessoa que ali era crucificada (‘elevada’), pagando assim por seus crimes. A cruz não destruia apenas fisicamente, mas moral e afetivamente, anulando assim toda influência moral, psicológica e até mesmo espiritual que esta pessoa poderia trazer. As pessoas nem sequer tocavam no nome do crucificado, pois tão grande era a vergonha! A própria bíblia nos diz: “maldito todo aquele que for pendurado no madeiro!” (Dt 22,21). Esta prática foi extinta em 313 d.C.
Mas se Jesus fosse julgado pelos judeus, teria sido morto no mínimo apedrejado, segundo a Lei, pois a crucifixão não fazia parte de suas punições civis. Alguns judeus pareciam estar com medo de causarem uma grande revolução com a multidão que seguia Jesus, passando então essa ‘responsabilidade’ ao Império Romano . Na mentalidade dos chefes da época e doutores da Lei, o cristianismo tinha se tornarnado uma grande ‘seita’ do judaísmo. Tiveram de esperar cuidadosamente três anos para conseguir prendê-lo. Disse “alguns judeus”, justamente porque não podemos generalizar e dizer que foram eles que mataram Jesus. Seria uma grande contradição, pois o próprio Jesus nos aparece nos evangelhos como um judeu praticante! Os apóstolos, Maria e grande multidão eram judeus! Correto é dizer ‘um determinado grupo de judeus ligados ao poder da época’.
            Mas Jesus surpreendeu a todos com o seu ideal do Reino dos Céus (Jo 18,36): “Meu Reino não é deste mundo!”, fazendo de sua cruz, o sinal claro de uma boa notícia (‘evangelho’), que mais tarde será tema da pregação dos Apóstolos. Não o evento da crucificação em si, mas sim das consequencias que ela nos trouxe. Não a cruz de madeira, mas o Cristo que ali foi elevado. “Era preciso que o Filho do Homem padecesse muito” (...) “Afasta-te, Satanás! Tu não pensas como Deus!” (...) “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz, e siga-me!” (Não deixe de ler Mc 8,31-34). Veja até onde vai o amor de Deus: a cruz mediu bem, pelo menos a nossos olhos... Nem ela foi capaz de destruir o autor da vida, tornando-se a nova árvore da vida! E como canta a liturgia das horas: “matando a própria morte: Jesus ressuscitado!”
Parece que a encarnação não foi o tudo de Deus, Ele quis ir mais além... Podemos dizer que a festa da Páscoa é a mais importante do calendário cristão, mais enfatizada que o Natal, não desprezando aqui o seu valor teológico, mas nascer uma criança sempre foi algo natural, Ressuscitar dos mortos foi a grande novidade trazida com Jesus.
            Nos relatos da Ressurreição, em especial no Evangelho de João (caps. 20 e 21) e de Lucas (cap. 24), percebemos o mesmo Jesus que sempre caminhou com seus discípulos e que não é logo reconhecido por Maria Madalena (Jo 20,14), nem pelo ‘duvidoso’ Tomé  (vv. 24-29), nem pelos discípulos que pescavam à margem do Lago de Tiberíades (21,4), nem pelos Discípulos de Emaús (Lc 24,13-16); esse Jesus que remove a pedra do túmulo (v. 2), que ficava invisível ante os olhos de alguns (vv. 28-32), que aparecia em certos lugares de uma hora pra outra e se ‘intrometia’ na conversa dos outros (Lc 24,15), e que, confundido com um fantasma (vv. 36 e 37), entrava em lugares fechados (devido o medo dos judeus (Jo 20,19) e que sobe aos céus (Lc 24,50-52), é Jesus Cristo, o “Filho do Deus vivo”, o “Filho de Deus”, ou como gostava de ser chamado, o “Filho do Homem”. A diferença era que não estava mais limitado à carne, reassumindo seu aspecto glorioso, dando vida e esperança a todos aqueles que aguardam em Deus sua salvação.
           
            A Nova Jerusalém fita seus olhos nesse Jesus vivo, capaz de transcender as barreiras e fazer-nos enxergá-lo pelo som de sua palavra. Um Jesus que nos surpreende, mesmo sem nunca termos visto, ele que se deixa relacionar, questionar, fazer-nos perceber a realidade e tomar atitudes que possam salvar esse mundo desgovernado de hoje! Somente discernindo a Palavra de Jesus, como vimos nas passagens acima, reconhecendo sua voz que seremos curados de nossa cegueira e sairemos desses “lugares fechados”, proclamando assim, esse grande Evangelho.


Ir. Narcélio Ferreira Lima, NJ

0 comentários:

Postar um comentário