O trabalho de Padre Caetano não se resume apenas ao âmbito
religioso do Bairro Cristo Redentor (Pirambu), ele iniciou uma movimentada atuação
junto aos moradores do lugar, dando continuidade ao trabalho pioneiro iniciado
pelo Padre Helio Campos, continuando os trabalhos com os Conselhos Comunitários,
Conselhos das Zonas, Conselho Geral, Comissão de Conciliação e Comissão
Eleitoral. Dando-se continuidade ao trabalho, foi elaborado o estatuto do
Conselho Geral Comunitário. O primeiro trabalho feito por Pe. Caetano junto com
o Conselho Comunitário foi a abertura da Av. Dr. Theberge até o mar, pois antigamente havia muitos
alagamentos que causavam transtornos aos moradores.
Rua Santa Elisa antes da chegada de Pe. Caetano (1953) Fonte: Centro Comunitário do Pirambu |
A seu pedido a Prefeitura fez:
o primeiro esgoto do bairro, desde a rua Camélia ao mar,
o calçamento da Av. Dr. Theberge até o mar — Na Zona
de Casas Novas: o calçamento
da rua Santa Elisa (800m)
religava Casas Novas, que ficava numa duna intransitável e representou uma
integração e urbanização definitiva, atingindo mais de 1.000 casebres do povo. Logo que chegou o calçamento, o aspecto dos casebres mudou totalmente,
começaram a fazer uma frente de tijolos, a alinhar as casas e melhorar o
aspecto exterior e interior; fazer fossas sanitárias, adquirir filtros etc. Foi
conseguido da prefeitura a construção de um chafariz na frente do Centro Comunitário, para dar água potável ao
povo.
Nas esquinas da rua Santa Elisa com Vicente de Saboia, foi feito um esgoto que acabou com a torrente de
água que descia todos os invernos e derrubava as casas perto da praia. Na Comunidade Casas Novas foi ampliado o Colégio São Cura D’Ars, que
comportava apenas 4 salas pequenas; foram construídas 8 salas grandes
e uma quadra de esportes, passando de 400 alunos para uma escola integrada de 1ª à 8ª série do ensino fundamental com mais 100 alunos numa das faixas mais pobres de nosso
bairro. Para tanto foi conseguida verba da Secretaria de Educação, contudo, a
construção foi realizada pela comunidade, juntamente com Pe. Caetano. A própria
designação do novo bairro como Cristo
Redentor foi proposta sua, prontamente acatada oficialmente pela prefeitura de
Fortaleza em 24/04/1974.
O antigo chafariz à esquerda, a nova Capela de São Cura D'Ars e a sede do Conselho Comunitário da Zona de Casas Novas - Fonte: Google Earth 2015 |
EMEIF São Cura D'Ars (Rua Camélia) - Fonte: Google Earth 2015 |
Na Zona de
Arpoadores: Pe. Caetano doou um terreno e a Secretaria de Educação do Estado construiu uma grande escola, inteiramente nova, a EEFM São José dos Arpoadores, que hoje atende mais de 1.000 alunos carentes. Ainda nesta
Zona, na década de 1990, cedeu uma parte do terreno do Instituto Nova Jerusalém
para a Prefeitura de Fortaleza construir a Creche Comunitária Cristo Redentor, que até hoje atende crianças carentes da área. A Escola Marvin (hoje com ensino profissionalizante) também foi fruto de suas lutas e
conquistas. Foi uma batalha de mais de dois anos para conseguir as autorizações da
União Federal e o acordo dos donos do terreno. Hoje a escola atende a uma média
de 3.000 alunos do Ensino Médio e Fundamental.
Doou ainda outro terreno na Zona do Japão para a construção de um Posto Policial (3ª Cia do 5º BPM); e
conseguiu ainda nesta Zona com a colaboração do Lions Club de Fortaleza a construção de
mais uma escola de ensino fundamental e médio, a EEFM Lions Jangada.
EEEP Marvin Fonte: |
Sede da 3ª Cia do 5º Batalhão da PM do Ceará (esquerda) e CEJA Mons. Helio Campos (direita) - Fonte: Google Earth 2015 |
EEFM Lions Jangada antes da atual reforma (Rua Camélia) |
Em 1969 foi inaugurada uma instituição para amparar as
crianças abandonadas da comunidade. Mais de 100 crianças carentes e abandonadas
foram acolhidas na Creche Infantil
Cristo Redentor, sendo uma boa parte dessas (cerca de 56 crianças)
registradas com seu próprio sobrenome "Tillesse", algumas deixadas na porta de sua casa. A pedido de Pe. Caetano foi construída
pelo Governo estadual uma Casa-Creche, a Casa da
Criança Sevlla Médicis, hoje Unidade de Acolhimento Casa Abrigo, que é mantida pela Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS) e atende 82 crianças na faixa etária de 0 a 12 anos.
O Ginásio Cristo
Redentor, também com ajuda do Rotary Club de Fortaleza, foi uma conquista no campo da
educação, funcionando como uma escola integrada de ensino Fundamental (hoje
também com ensino médio), atendendo mais de 800 alunos.
Casa Abrigo (Rua Camélia) - Fonte: Google Earth 2015 |
EEFM Cristo Redentor (Av. Pasteur) - Fonte: Google Earth 2015 |
A AVENIDA LESTE-OESTE (Presidente Castelo Branco) também é projeto seu.
Havia um projeto para essa avenida que iniciava no Centro indo até a Av. Pasteur e lá
terminava. Havia também, só na planta, sem orçamento e sem prazo de realização,
uma possível continuação dessa avenida que iria atravessar o imenso quarteirão
incluindo entre as avenidas Dr. Theberge e Pasteur ao Leste-Oeste, e entre as
ruas Nsa. Sra. das Graças e Santa Terezinha (atual Leste-Oeste) ao Norte e ao
Sul. Este projeto iria destruir uma grande parte dos casebres naquela área. Pe.
Caetano pessoalmente estudou o problema, conseguiu uma planta
aerofotogramétrica da área, e elaborou um projeto que comunicou pessoalmente ao
então prefeito Vicente Cavalcante Fialho e ao Engenheiro da SUMOV (Superintendência Municipal de Obras e Viação), Dr. Renato, encarregado
da realização da avenida. Mostrou o projeto traçado no mosaico
aerofotogramétrico, levando o prefeito e o engenheiro até o local, do lado da
Zona do Japão e arrodeando pela Av. Francisco Sá, do lado da Colônia
atravessando as hortas até chegar a Barra do Ceará (onde já havia 1.800m de
calçamento). Mostrou como seria mais econômico e funcional o seu projeto e que
iria prejudicar bem menos o povo, e até ajudando com a abertura de um acesso
direto, fácil e rápido para o Centro da cidade, para os hospitais e locais de
trabalho. Eles, convencidos e empolgados com a ideia resolveram fazer e assumir
o trabalho, avisando o povo que isso seria feito em atenção ao povo mais
necessitado.
As obras da Avenida Humberto de Alencar Castello Branco se iniciaram em 1973 e foram concluídas um ano mais tarde pelo Prefeito Vicente Fialho. Fonte: Blog Fortaleza Nobre |
Sendo considerada a maior obra de gestão do Prefeito Fialho, que governou o município de 1971 a 1975. A intenção era ligar a zona portuária do Mucuripe à zona industrial da Barra do Ceará. |
Comunidade Arpoadores antes do Projeto Vila do Mar (2006) |
Na Zona da Colônia
dois grandes terrenos pertenciam à área desapropriada pela União Federal em
1962, no tempo de Pe. Helio. Esses terrenos, mesmo tendo sido desapropriados,
haviam sido vendidos para duas grandes firmas. Pe. Caetano pediu o atestado do
domínio da União, provando que os terrenos pertenciam à área desapropriada e,
levando esse atestado, procurou os donos das firmas que compraram os terrenos.
Um deles imediatamente cedeu o terreno para a comunidade, o outro entrou em questão. Tratando
com o então prefeito Evandro Ayres de Moura, Pe. Caetano conseguiu dele o Conjunto Habitacional Nosso Chão. Cuja
planta baixa foi realizada pelo próprio Padre, para providenciar o maior número
possível de casas populares decentes e assim foi feito: mais de 100 famílias
foram amparadas e tem suas casas próprias, o decreto da desapropriação de 25 de
maio de 1962 (N° 1058), desapropriava, além de outro que vinha da
Marinha até à Av. Dr. Theberge, um terreno, ainda desocupado na época de 525.000m², da Av. Dr. Theberge
até a rua Francisco Calaça, para a realização de um plano de urbanização a fim de desafogar o povo do Pirambu e não continuar a invadir ou construir novas
barracas, o que teria piorado o problema social desta imensa favela. Este
segundo terreno foi entregue à responsabilidade do Estado para a realização
deste lado do Pirambu, para este fim foi criada a COHAB-CE, que começou um
projeto de casas populares construídas em regime de mutirão (“ajuda mútua”) e
chegou a construir 128 casas e a escola (hoje CEJA Monsenhor Hélio Campos).
Mas esta primeira parcela demorou 4 anos (1964-1968) e, depois da realização a
COHAB se encontrou incapaz de entregar igualmente as casas ao povo, porque o
terreno do antigo Pirambu estava ainda litigioso entre os antigos donos e a
União Federal. Enquanto não chegassem a um acordo, a União Federal não podia
dar o título legal de propriedade aos moradores. A COHAB teve, portanto, de
desistir de seu projeto e entregou ao Centro Comunitário Cristo Redentor, sobre
a presidência de Pe. Caetano, ele teve a incumbência de continuar, mesmo precariamente,
este projeto. O Centro Comunitário Cristo Redentor loteou 1.200 casas naquela
área, efetivando com a ajuda da SUMOV, inspirando-se nos levantamentos e
nas plantas já realizadas pela COHAB, alinhamento de rua, e assim
possibilitar construir calçamentos e iluminação das casas e iluminação pública,
etc. Tudo isso foi cadastrado e entregue às pessoas mais necessitadas e
acompanhando, caso por caso e casa por casa por uma equipe da comunidade,
técnicos da SUMOV e o próprio Pe. Caetano. Quando se autorizava a construção,
as medidas eram especificadas, com a obrigação de levantar pelo menos a frente
de tijolos e construir um sanitário; nenhum detalhe que possibilitasse um maior
conforto e saúde ao povo carente era por ele esquecido.
Padre Caetano com alguns moradores de seu querido Pirambu |
Idealizou e esteve à frente da construção de todas as
capelas das respectivas Zonas que compõem o Bairro de Cristo Redentor, de uma
maneira muito especial também projetou e esteve a frente da construção de nossa
Matriz Cristo Redentor. Contudo,
apesar de seu grande trabalho social em nosso bairro, faltou dois projetos seus
a serem realizados, dois sonhos que infelizmente não realizou em vida, a saber,
a construção de um posto de Saúde e uma escola profissionalizante.
Construção do Salão Polivalente Cristo Redentor, hoje Igreja Matriz Zona de Japão |
4 comentários:
A primeira foto é realelmente de 1953??
João Viana "Também acho que esta foto é posterior à data colocada. Nasci em 1956 e lembro-me quando criança de muitas dunas e lagoas. As casas eram espaçadas. Mas esta foto me traz muitas recordações. Foi muito bom rever esta paisagem, que com certeza mostra a realidade de minha infância" João Alves Viana
O outro problema da informação é que esse trecho não equivale ao que foi atingido pelo projeto Vila do Mar. O trecho da rua atingido pelo Vila do Mar é o que foi posteriormente chamado de rua do Avanço, um prolongamento da Santa Elisa, depois da dr. Theberge, em direção à barra do Ceará.
Obrigado pelas observações. O ano da primeira foto, segundo legenda do painel que está no Centro Comunitário do Pirambu, é de 1963 (e não 1953).
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